A caminhada dos mil órfãos começa nas montanhas geladas do interior da China, uma mulher estrangeira desafiava o impossível. Seu nome era Gladys Aylward, uma missionária britânica de estatura pequena, mas de coragem gigantesca. O povo local a chamava de “Ai-weh-deh”, ou “A Virtuosa”.
Era a década de 1930, e o país estava em guerra. Bombas caíam sobre vilas, e soldados invadiam as cidades, deixando um rastro de desespero. Gladys, que havia se estabelecido em uma pequena aldeia como pregadora e cuidadora de órfãos, agora enfrentava uma escolha terrível: ficar e morrer ou salvar as crianças sob sua proteção.
Com uma determinação quase sobrenatural, Gladys decidiu enfrentar o inimaginável. Juntou 100 crianças órfãs, que a chamavam de mãe, e se preparou para atravessar montanhas traiçoeiras e campos de batalha para levá-las a um lugar seguro. A viagem seria longa, perigosa e, acima de tudo, desesperadora.
À medida que a jornada começava, a noite parecia conspirar contra eles. As crianças, algumas com apenas 3 anos de idade, choravam de frio e fome. Gladys, com feridas nos pés e febre alta, guiava o grupo com cânticos e orações, tentando esconder seu próprio medo.
Havia rumores de que patrulhas inimigas estavam nas montanhas. Gladys sabia que, se fossem capturados, as crianças seriam mortas ou feitas prisioneiras. No entanto, ela não parava. Cada passo era uma batalha entre a fé e a dúvida.
Enquanto subiam trilhas íngremes e atravessavam rios gelados, histórias começaram a surgir entre as crianças. Elas diziam que Gladys não estava sozinha. Muitos afirmavam ter visto uma figura luminosa caminhando ao lado dela, guiando o grupo. Outros relataram ouvir vozes angelicais cantando ao longe, como se os céus estivessem ajudando-os.
Depois de semanas de sofrimento, eles finalmente chegaram a um rio que marcava a fronteira para a segurança. Mas não havia barcos. Gladys caiu de joelhos e clamou a Deus, enquanto as crianças choravam ao seu redor. Foi então que, como por um milagre, um pescador apareceu, oferecendo sua ajuda para atravessá-los um a um.
Ao chegarem ao outro lado, Gladys desabou de exaustão. Sua febre quase a matou, mas as crianças estavam salvas. A notícia da incrível travessia se espalhou, e ela se tornou uma lenda viva entre o povo chinês.
Porém, o verdadeiro mistério daquela jornada nunca foi explicado: quem era a figura luminosa que os guiava? Por que os soldados nunca os encontraram? Para Gladys, a resposta era clara. Em cada passo de sua caminhada, Deus estava com eles, protegendo e guiando.
“A Caminhada dos Mil Órfãos” não foi apenas uma travessia de montanhas, mas uma jornada de fé inabalável e milagres que continuam a intrigar até hoje.